O culto dos encantados é parte muito importante do Tambor de Mina, está ausente apenas na Casa das Minas, onde se cultuava exclusivamente os Voduns, deuses Jeje. Na Casa Nagô Abioton, Cultua-se Voduns, Orixás, Encantados ou Caboclos. Duas casas centenárias no Maranhão. Infelizmente, apenas a segunda ainda encontra-se com suas atividades até os dias de hoje.
Os encantados/caboclos, são espíritos de reis, nobres, índios, turcos, etc.. Em muitos terreiros, têm o mesmo status de divindades dos Voduns, se misturando muitas vezes em pé de igualdade a estes em rituais, cerimônias e respeito.
Pai Francelino com D. Jarina |
Do Maranhão, o Tambor de Mina propagou-se pelo Pará, onde encontrou novos sincretismos e assimilações a partir do contato com a pajelança, culto de origem indígena. Isso acontece devido a necessidade do encantado fazer suas viagens, imigrando para outras terras ( como Pará e Amazonas), onde encontram outras culturas, lendas e se adaptam aos costumes locais, dando nomes de caboclos e entrando para os cultos da umbanda e do candomblé dentro do Tambor de Mina.
Fazendo uma comparação interessante, D. Jarina tinha o nome de Princesa da Praia do Lençol na cabeça de meu pai (foto ao lado) e no Pará e Amazonas recebe o nome de Cabocla Brava. Outro exemplo é o Caboclo Ubirajara, que é o segundo turco mais antigo na família da Turquia e desce na umbanda como Caboclo Ubirajara do Peito de Aço.
Muitas festas de encantados são comemoradas em festas de santos católicos devido a esses sincretismos. O encantado de meu avô Babalawô Jorge Itaci, fazia a festa do boi de seu Légua no dia de festa junina, que é comemorada em dias de santos católicos. E muitas outras festa são comemoradas como por exemplo em dia de Santa Bárbara, São Benedito e muitos outros. O caboclo, como já dito acima, se adapta aos costumes locais, pois, tem consciência que isso não faz ele se diminuir ou se baixar para outra cultura e sim, mostrar que a terra é dele. Temos que ter a consciência de que o caboclo é o dono da terra. Pai Euclides, disse uma vez que, nos seus primórdios, já se escutava cantar na Casa de Nagô Abioton, a canção de caboclos velhos: "Eu sou caboclo, eu sou de guerra, fui o primeiro que cheguei aqui na terra..." Por isso, que não importa aonde o caboclo vá, mais ele levanta a bandeira do Vodum, do Orixá ou até mesmo do Inkisi.
Avô Jorge com D. Luís |
Não esqueçamos que ele era o dono da terra e teve seu espaço roubado pela invasão do asfalto, pela modernização, não tendo nem o direito a um pedaço de terra para ser cultuado. Quando finalmente encontra um espaço para realizar seu culto no terreiro, e quando se pensava que não havia mais nada para implicarem com seu culto, já haviam lhe tirado tudo. Agora dizem que somos adoradores do diabo. Sabem de que diabo eles falam? Do diabo que julga, do diabo que mata, do diabo que rouba as culturas. Quem será realmente o diabo?
Quero que vocês entendam que o portal dos encantados não é o mesmo dos Voduns. O Vodum quando imigra, é o mesmo vodum, porque o Vodum é um absorvedor da cabeça e o encantado da matéria. Por isso o encantado se sente materializado, tendo suas vontades como a de um ser humano.
E que vontades seriam essas? De se vestir, aprender suas danças e seus costumes. Daí o sincretismo sempre presente.
Aprendemos que o encantado está mais perto da gente do que as divindades Voduns e Orixás e, através do contato com a mata, rios e cachoeiras.
Daí vocês podem perguntar: Mais o Vodum não tem o mesmo contato? Não, para ficarmos mais perto do Vodum precisamos da iniciação ao culto, enquanto que com o encantado não existe essa iniciação. Podemos ver isso claramente em certas situações no interior. Quando se diz: o fulano recebeu um caboclo e está atendendo como pai de santo. Um erro - por eu receber caboclo, não posso me intitular pai de santo. As pessoas precisam ter conhecimento do que se recebe pois a ignorância leva a decepção. Acima do caboclo, do encantado, há o vodum ou orixá. E haverá cobrança de santo, pois, quem guia a cabeça é o vodum e não o corpo.
Dentro deste seguimento, ninguém quer ser filho, todos querem ser pai e não há começo sem um fim. Hoje em dia, é muito mais fácil se tratar com cartas ou outros meios de adivinhações mais fáceis do que com uma entidade que poderá dar respostas muito mais rápidas e precisas sobre seu caminho, embora às vezes, sendo duras ou não, mais não menos realista.
O poder do encantado não se limita às influencias religiosas, pois o encantado tanto pode falar da religião dele como das demais. Seu conhecimento de vivencia é muito mais amplo do que podemos imaginar.
O encantado não pára de existir, o filho sim. Muitas vezes, o encantado era tão apegado ao filho que este, ao vir a falecer, seu encantado não descia mais em nenhuma cabeça, muitas vezes por saudades do filho outras por não haver ninguém que pudesse recebê-lo. É uma magia tão forte e difícil de entender. Porque o espírito não tem coração e nem sentimento, mais sim razão.
Quero que vocês entendam que o portal dos encantados não é o mesmo dos Voduns. O Vodum quando imigra, é o mesmo vodum, porque o Vodum é um absorvedor da cabeça e o encantado da matéria. Por isso o encantado se sente materializado, tendo suas vontades como a de um ser humano.
E que vontades seriam essas? De se vestir, aprender suas danças e seus costumes. Daí o sincretismo sempre presente.
Daí vocês podem perguntar: Mais o Vodum não tem o mesmo contato? Não, para ficarmos mais perto do Vodum precisamos da iniciação ao culto, enquanto que com o encantado não existe essa iniciação. Podemos ver isso claramente em certas situações no interior. Quando se diz: o fulano recebeu um caboclo e está atendendo como pai de santo. Um erro - por eu receber caboclo, não posso me intitular pai de santo. As pessoas precisam ter conhecimento do que se recebe pois a ignorância leva a decepção. Acima do caboclo, do encantado, há o vodum ou orixá. E haverá cobrança de santo, pois, quem guia a cabeça é o vodum e não o corpo.
O poder do encantado não se limita às influencias religiosas, pois o encantado tanto pode falar da religião dele como das demais. Seu conhecimento de vivencia é muito mais amplo do que podemos imaginar.
O encantado não pára de existir, o filho sim. Muitas vezes, o encantado era tão apegado ao filho que este, ao vir a falecer, seu encantado não descia mais em nenhuma cabeça, muitas vezes por saudades do filho outras por não haver ninguém que pudesse recebê-lo. É uma magia tão forte e difícil de entender. Porque o espírito não tem coração e nem sentimento, mais sim razão.
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