IGBÒ: Floresta ou bosque. Para os Iorubás, árvores, plantas, animais, rios e montanhas representam forças sagradas. Paisagens contendo bosques e rios são consideradas manifestação dos deuses e consagradas para sua adoração.
As referencias aos bosques sagrados são antigas. A palavra que os celtas usavam para designar santuário possui raízes próximas com a palavra nemus, que em latim significa "bosque". Existe uma floresta sagrada dedicada à deusa romana da caça, Diana, que se chama Nemi ( nome que se refere a Nemus). Na antiga língua germânica (teutônico) a palavra templo também era estreitamente ligada ao significado de floresta. Um dos mais conhecidos bosques sagrados é o de Oshogbo, localizado na Nigéria e onde se encontram o magnífico Santuário de Oxum.
santuários sagrados, os seus "terreiros" naturais. A palavra Ilê, como sinônimo de casa, terreiro, é uma prática que foi adaptada ao ambiente aqui encontrado pelos africanos, e é um espaço estruturado de acordo com o que pedem os Orixás, cujo objetivo é estreitar os laços da Irmandade no culto por meio de rotinas regulares de preceitos litúrgicos.
Ao se adentrar em uma casa de culto de candomblé, é natural encontrar um salão principal, onde são realizadas as cerimônias públicas, os quartos sagrados dos Orixás, o Peji - altar sagrado -, a cozinha de santo, o quarto de jogo e um quarto especial chamado de roncó, onde acontece o processo de iniciação e feitura.
Com o avanço das cidades e o crescimento populacional, as áreas verdes foram diminuindo e, com isso, os espaços naturais dos terreiros foram ficando cada vez mais limitados e reduzidos. Porém, a força dos Orixás presente no coração dos seus filhos de santo, não impede de adaptar para sua casa, seu Ilê, o assentamento de seus santos, mesmo que alguns estejam presentes em louças e alguidar, não deixa de ser um espaço destinado ao sagrado.
Abaixo, uma pequena lista das árvores mais sagradas presente nos cultos afro descendente.
Baobá
(mutê, Akapassa'tin) = Muito encontrado na África, o Baobá é conhecido como a "árvore da longevidade". De espesso tronco, o Baobá é muito utilizado na alimentação e na medicina natural. Os Clãs Otamaris, que o denominam de mutê, Muto ou mutomu, consideram o aparecimento deum Baobá em seus sítios um sinal de alerta que sugere uma consulta ao Oráculo de Ifá. Estes Clãs também realizam cerimônias de iniciação dos jovens sob um Baobá.Dentre os Mahis, o Akapassa'tin é consagrado ao Vodum Sakpata. São encontradas na África outros tipos de árvores que também envolve ritos deiniciação, como a Gardênia ( gardenia erubercens) e o Falso Ébano ( diospyros mespiliforms).
Loko'tin = Para o povo Iorubá, Iroko é uma de suas quatro árvores sagradas normalmente cultuadas em todas as regiões que ainda praticam o culto às religiões dos Orixás. Para os Iorubás, a árvore Iroko, é a morada dos espíritos infantis conhecidos ritualmente como Abiku, e tais espíritos são liderados por Oluwere. O culto a Iroko ( a divindade que habita a árvore) é um dos mais populares na terra Iorubá. Iroko está ligado a longevidade, à durabilidade das coisas e ao passar do tempo, pois é a árvore que pode viver por mais de 200 anos.
Afzelia Africana = Além de possuir propriedades medicinais em associação com outros vegetais, lhe é conferido o poder mágico repulsivo de maus espíritos, assim como confere tais poderes à Ceiba Petandra ( Sumaúma) em Mahi. Os ritos Iorubás em Cuba a denominam como Igbi Olorun ( árvore de Deus). Também é encontrada na Amazônia, sendo a maior árvore e chegando a atingir 65 metros de altura. No rito de Vodun cubano, é atribuída ao Vodun Aremú ( Obatalá para os Nagôs). A Regla de Arará também está associa esta árvore com as divindades Heviosso, Nanã, Loko, Awuru, Magala, Yemu e ao próprio Vodun Loko.
Dehuama = Esta árvore é muito comum na África do Oeste e possui lindas flores. É um atin de grande porte que chama atenção pela imponência e pela beleza. Está associada com a remoção temporária da virilidade masculina, reduzindo e controlando o desejo no homem, inclusive nos períodos de reclusão religiosa.
Mangueira
Dangbe, Dangbe-Ahoho = A conhecida árvore Mangueira é consagrada ao Vodun Dangbe. Da mesma forma, reverencia-se este ancestral Mahi no Brasil. Na cidade baiana de Cachoeira é realizada no mês de janeiro de cada ano, uma festividade em honra a este Vodun, que é conhecida como "Boitá de Gbesen". Também conhecida no Brasil por Folha de Serra, Falsa Espinheira Santa, Cincho, etc.
Cajazeiro
Akikon'tin, Iyéyé ou Okika = Os Nagôs e Iorubás chamam esta árvore de Igi Eyè (Árvore do Pássaro) por causa do Ifá, cujo símbolo é o pássaro, ou chamam de Yéyé ( mamãe), devido a utilização das suas folhas para parturientes. Em Benin, as cerimônias e festividades anuais de Ifá, são realizadas em torno desta árvores. Os preceitos do Ifá são voltados a atrair coisas boas, livrando-se das más e dos maus espíritos.
Cabaceiro = Sua subspécie africana, possuidora de uma parte longa em sua cabaça, é muito utilizada como um dos atins de Legba (Vodun que corresponde a Elegbara dos Nagôs). Também utiliza-se da cabaça o seu fruto, para confecção de utensílios rituais, domésticos e instrumentos musicais. Possui propriedades medicinais.
Flamboyant
Acácia-Rubra = O Flamboyant (Flor do Paraíso, Pau-Rosa, Acácia-Rubra) é muito encontrado por todo o Brasil. Suas Flores são belíssimas e costumam ornamentar ruas e praças. É consagrado a Oyá e também a Xango (Vodun Heviosso). É indissociável a figura de Xangô, pois são ambos divindades do céu, do trovão e da justiça.
Coqueiro
Agon'tin; Agbon = Agbon entre Nagôs e Iorubás, são tipos de palmeiras que dão o conhecido coco d'água, muito apreciado na alimentação. Da mesma forma que as palmeiras em geral, sua palha tem grande utilidade nos rituais de terreiro. Os Nagôs e Iorubás reconhecem-na como árvore sagrada do Culto de Ifá, onde habita o espírito de Orunmilá.
Limu'tin, Wugo ou Kotoble = Desta árvore se prepara a "manteiga de karité", que serve como alimento e no preparo da alimentação, tanto no Benin, quanto na Nigéria, onde é conhecida por Akumolapa. O Karité serve de tempero ritual claro e brando para certos Voduns; é nutritivo e medicamentoso, entrando no preparo de unguentos de uso tópico misturado com outras substâncias . Também é utilizado para o alívio de queimaduras leves na pele.
Ewe Igbale, Ewe Oyibo = É popularmente conhecida entre os Fons pelo nome Kpatimawiniwini ou Yovokpa'tin. Entre os Nagôs e Iorubás pelo nome de Ewe Igbale ou Ewe Yobo. Esta árvore belíssima é consagrada a Egun e é morada dos ancestrais. Também é venerada ali a senhora dos Eguns, Oyá Igbalè, onde recebe suas oferendas.
Nim
Kininu'tin = Oriunda da Índia, esta árvore é conhecida pelos Fons sob o nome de Kininu'tin. O pó e o oléo de Nim são amplamente utilizados, assim como suas infusões; é um forte repelente de insetos e controla muitas pragas em lavouras. Sua utilização, além de medicinal e repelente, é observada também nas demarcações de propriedades.
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