Xapanã: O Senhor das Doenças e suas Curas
É o Orixá da transformação.
Padroeiro dos pobres, humildes e doentes, assim
é conhecido o orixá Xapanã, uma das mais temidas e respeitadas Divindades do panteão africano.
Tem o poder de cura, mas também pode provocar
doenças, principalmente como a varíola, e as enfermidades de pele de todos os
gêneros infecciosos.
É o médico dos pobres, é um orixá ambivalente e
a ele são atribuídas as doenças contagiosas.
A febre, doença de pele, cegueira, surdez,
catapora e sarampo são considerados manifestação de Xapanã, que leva
seres humanos a regeneração de algum mau costume. Dono do interior da terra,
está ligado ao mistério, ao oculto.
É reverenciado no silêncio da morte.
Ao mesmo tempo em que o orixá Bará desfaz os
fluídos grosseiros e pesados, Xapanã desintegra as pequenas cargas de
energia negativa.
Recorre-se a Xapanã em praticamente
todos os tipos de problemas do cotidiano.
Com suas polaridades e inversões, faz lembrar
que Xapanã, com seu Bará, seu princípio dinâmico do existir não é
apenas sofrimento e morte, mas também transformação e vida.
Bará e Xapanã encontram-se na
pele.
Xapanã quer dizer rei e dono da
terra. Sua veste é palha e esconde o segredo da vida e da morte.
Usa o aze, capacete de palha da Costa, ou o
filá, capuz de palha da Costa e carrega na mão o xaxará, feixe de fibra de
palmeira, enfeitado com búzios.
Sua vestimenta é utilizada principalmente em
ritos ligados à morte e ao sobrenatural, sua presença indica que algo deve ficar
oculto.
Compostos de duas partes, o filá e o azé, a
primeira parte, a de cima que cobre a cabeça é uma espécie de capuz trançado de
palha da costa, acrescido de palhas em toda sua volta, que passam da cintura, o
azé, seu asó-ìko roupa de palha é uma saia de palha da costa que vai até os pés
em alguns casos, em outros, acima dos joelhos, por baixo desta saia vai um
xokotô, espécie de calça, também chamado cauçolão, em que oculta o mistério da
morte e do renascimento.
Nesta vestimenta acompanham algumas cabaças
penduradas, onde carrega seus remédios. Ao vestir-se com ìko e
cauris, revela sua importância e ligação com a morte.
Sua festa anual é o Olubajé, aquele-que-come. São feitas
oferendas e são servidas suas comidas votivas.
Xapanã está presente em nosso
dia-a-dia, quando sentimos dores, agonia, aflição, ansiedade. Está presente quando sentimos coceira e
comichões na pele. Rege também o suor, a transpiração e seus
efeitos. Rege aqueles que tem problemas mentais,
perturbações nervosas e todos os doentes.
Está relacionado à terra quente e seca, como o
calor do fogo e do sol, calor que lembra a febre das doenças
infectocontagiosas.
Xapanã está no organismo, no
funcionamento do organismo. Na dor que sentimos pelo mal funcionamento dos
órgãos. Está presente nos hospitais, casa de saúde,
ambulatórios, postos de saúde, clínicas, sempre próximo aos leitos. Como também em locais onde existam pesquisas,
estudos. Rege os mutilados, aleijados, enfermos.
Ele proporciona a doença mas, principalmente, a
cura, a saúde. É o Orixá da misericórdia.
Xapanã é à força da natureza que rege o
incômodo de um modo geral. Rege o mal estar, o enjoo, o mal humor, a
intranquilidade.
É o Orixá do abafamento e está presente nele,
bem como na má digestão e na congestão estomacal.
Gera o ácido úrico e seus efeitos.
Xapanã está presente em todas as
enfermidades e sua invocação, nessas horas, pode significar a cura, a
recuperação da saúde.
MITOLOGIA
Xapanã era um guerreiro terrível que, seguido de suas
tropas, percorria o céu e os quatro cantos do mundo.
Ele massacrava sem piedade aqueles que se
opunham à sua passagem. Seus inimigos saíam d
os combates mutilados ou morriam de peste.
os combates mutilados ou morriam de peste.
Assim, chegou Xapanã em território
Mahi, no Dahomé. A terra dos Mahis abrangia as cidades de Savalú
e Dassa Zumê.
Quando souberam da chegada iminente de Xapanã, os habitantes desta região, apavorados, consultaram um Babalawô.
E assim ele falou:
Ah! O Grande Guerreiro chegou de Empê! Aquele que se tornará o senhor do país! Aquele
que tornará esta terra rica e próspera, chegou! Se o povo não o aceitar, ele o
destruirá! É necessário que supliquem a Xapanã que
os poupem.
Façam-lhe muitas oferendas; todas as que ele
goste: inhame pilado, feijão, farinha de milho, azeite de dendê, picadinho de
carne de bode e muita, muita pipoca! Será necessário também que todos se prosternem diante dele, que o respeitem e o sirvam. Logo que o povo o reconheça como pai,
Xapanã não o combaterá, mas protegerá a todos!
Quando Xapanã chegou, conduziu seus ferozes
guerreiros, mas os habitantes de Savalú e Dassa Zumê reverenciaram-no,
encostando suas testas no chão, e saudaram-no:
Totô hum! Totô hum! Atotô! Atotô!
Respeito e Submissão!
Xapanã aceitou os presentes e as
homenagens, dizendo:
Está bem! Eu os pouparei! Durante minhas
viagens, desde Empê, minha terra natal, sempre encontrei desconfiança e
hostilidade. Construam para mim um palácio. É aqui que viverei a partir de
agora!
Xapanã instalou-se assim entre os
Mahis.
O país prosperou e enriqueceu e o grande
guerreiro não voltou mais a Empê, no território Tapá, também chamado Nupê.
Sakpata
É a denominação fon do Vodum do panteão da
terra. É o grande Ayi-vodun dos Ewe-fon, por isso intitulado Ayinon o
dono da terra.
Considerado filho mais velho de Mawu ele é, enfim, o Rei do Mundo, originariamente Vodun senhor da varíola e, por extensão,
de inúmeras enfermidades contagiosas que deformam o corpo. Todo o povo fon o
teme enormemente e o cultua fervorosamente e possui uma grande quantidade de
representações, cada uma sendo um aspecto de doenças e infecções.
A tradição aponta a origem do culto de Sakpatá
na localidade de Kpeyin Vedji, um enclave iorubá dentro do território mahi a
noroeste de Abomei. Desta dupla procedência permanece a curiosidade de que
Sakpatá é considerado uma divindade iorubá, nagô pelos fon e gun jêje pelos
iorubás.
Kohossú: Significa "Rei da Lama" é
o pai de todos os Sakpatás.
Nyohwe Ananú: Dona da água parada que
mata de repente, é a mãe, e são ambos filhos de Nà Buùku.
Da Zodji: Envia a disenteria e os vômitos. Considerado o mais velho de todos, não tem braços ou pernas e é carregado
numa padiola, mas tem o poder da invisibilidade e, apesar do defeito físico,
comanda todos os Sakpatás.
Alogbê: Possui cinco braços e é ligado aos
tohossú.
Adan Tanyi: É filho de Da Zodji, e traz
a lepra.
Adohwan: Castiga perfurando os intestinos.
Aglossuntó: É responsável pelas feridas e
chagas que nunca cicatrizam.
Avimadjé: É o que leva as almas dos que
morreram punidos por Sakpatá.
Bossu-Zohon: É o grande feiticeiro.
Da Langan: Come a carne das pessoas ainda
vivas.
Da Sinji: Traz as inchações e tromboses.
Suvinengué: Um abutre com cabeça humana e é
filho de Da Langan.
Existem várias outras denominações:
Agbologbodji, Tonekpó, Gbazu, Ahossú Ganhwa, Kpadadadaligbo, que é fêmea, etc.
Uma outra tradição conta que Sakpatá é uma
divindade dupla, tanto macho como fêmea.
O macho sendo Da Zodji e a fêmea sua irmã Nyohwe
Ananu, gêmeos nascidos do primeiro parto da entidade andrógina Mawu-Lissá.
Sakpatá é cultuado em seus templos sob um
aspecto duplo. Possui o aspecto Jeholú Rei das Jóias, que seriam as pústulas
trazidas pela varíola que é tratado internamente e não recebe sacrifícios de
sangue diretamente, mas é lustrado com uma mistura de sangue e azeite de dendê
e envolto por panos.
O aspecto Zun-holú Rei da Floresta fica do lado
de fora, recebe os sacrifícios de sangue diretamente sobre ele e é coberto por
rodilhas de ramos secos de palha-da-costa, e é um montículo que pode ser mais
alto do que um homem.
Arquétipos
Frequentemente os filhos deste orixá levam
consigo as marcas do mesmo. Rústicos, desajeitados. Falta-lhes o trato da
diplomacia, bom gosto. Reprimidos, frustrados, torna-se amargos,
arrilhados e vingativos. Ambiciosos, combativos, eles lutam com
obstinação. São do tipo lento que amadurecem durante muito
tempo os seus projetos. Perseverantes, gostam de situações estáveis,
não aceitam facilmente mudanças. São indivíduos conservadores, faltando
agilidade e capacidade de adaptação. São realistas, lógicos, resignados, humildes,
optam por uma vida de renúncia. Não tem os homens muito sucesso com mulheres,
não gostam de crianças, e as mulheres não são boas mães. No trabalho são exigentes, meticulosos e com
grande senso de responsabilidade, compreensão, amizade, adaptação,
generosidade. No sentido negativo são motivados a
esquisitice, vaidade exagerada, maldade, morbidez, indolência. São pessoas que ocultam sua individualidade
sob uma máscara de austeridade. Têm muita dificuldade em se relacionar, pois
são muito fechados e de pouca conversa. Geralmente apaixonam-se por pessoas totalmente
diferentes de si próprias, isto é, por figuras extrovertidas e sensuais. Gostam de ver o ser amado brilhar, embora o
invejem. Normalmente são irônicos, secos e diretos. Não são pessoas de levar desaforos para casa e
nem de falar pelas costas. Odeiam fofocas e vulgaridades do gênero. A solidão é muito peculiar a essas pessoas,
devido à sua própria personalidade. Não se sentem satisfeitos quando a vida
corre normalmente, precisam mostrar seu sofrimento, exagerando, muitas vezes,
nesse tipo de comportamento.
No geral são pessoas firmes e decididas, que
lutam para conseguir seus objetivos. Geralmente, não sentem medo da morte, pois, no
fundo de seu ser, compreendem que ela é apenas uma renovação.
Os filhos desse orixá são muito independentes
e têm a necessidade de crescer com suas próprias forças e recursos. Apresentam pouco brilho em seu rosto e um
semblante sério, com raros momentos de descontração. Parece que eles carregam, sobre os ombros,
todo o sofrimento do mundo.Adoram fazer caridade e aliviar o sofrimento
das pessoas, mas não se abalam emocionalmente com o mesmo.
Qualidades ou títulos
Afenan : É velho, dança curvado, veste
a estopa e carrega duas bolsas de onde tira as doenças. Veste-se de amarelo e
preto. Todas as plantas trepadeiras pertencem-lhe. Tem caminhos com Oxumaré e
Oyá, de quem é companheiro, dança cavando a terra com Intoto para depositar os
corpos que lhe pertencem.
Afoman,Akavan,Kavungo: Tem ligação com Exú.
Afomo significa contagiante, infeccioso.
Ahosuji,Segí: Ligação com Iemanjá, Oxumare.
Ajoji , Ajagun : Tem fundamentos
com Ogun e Oxaguian.
Arawe , Arapaná : Tem fundamento
com Oyá.
Arinwarun , wariwaru , Gama : Título
de xapanã.
Avimaje , Ajiuziun : Tem
fundamento com Nanã e Ossain.
Azoani : É jovem, veste preto e
branco. Tem caminhos com Iroko, Oxumaré, Iemanjá e Oyá.
Azonsu , Ajansu , Ajunsu : Tem
fundamentos com Oxalá, Oxumare e Ogum. É extrovertido. É ligado ao tempo, as
estações do ano e ao culto da terra. É o verdadeiro dono do cuscuzeiro. Veste
de vermelho, preto e branco, na perna esquerda leva uma pulseira de aço.
Barun: O feiticeiro.
Etetu , Tetu : É jovem e
guerreiro. Come com Ogum e Oyá. Veste de branco, preto e vermelho.
Intoto : Suas contas são vermelho e
preto. É um orixá cultuado em seu assentamento e não vira na cabeça de ninguém.
Dá-se comida a terra. Este orixá é Abìkú, portanto não se raspa, pois
representa o fundo da terra. Come com Ewá, Oyá e Ikú. Seus assentos são
cultuados ao lado de Nanã e iemanjá.
Jagun Agbagba : tem fundamento
com Oyá.
Jagu Jagun ou Ajagun : É jovem e
guerreiro; leva na mão uma lança chamada okó. Tem caminhos com Ogunjá,
Oxaguian, Ayrá, Exu e Oxalufan. Não come feijão preto e é o único que come
Igbin, Caracol.
Jubeteió ou Arawe,Arapaná: ligação com oyá
Posun, Posuru : É o mesmo Azunsun do Jeje,
louvado como Possun no ketu e na Angola, tanto é Iroko como Tempo. Come
diretamente da terra. Sua dança mostra claramente sua ligação discreta com Exu
e com a terra, dança com garras na mão. Tem caminhos com Intoto, Iroko e Oyá.
Savalu , Sapekó : Tem forte
fundamento com Nanã.
Soponna , Sapata , Sakpatá : É o
mais antigo, é proibido falar o seu nome. Em África quando se fala o seu nome,
coloca-se mel na boca. Come com Exu e tem fundamento nas encruzilhadas. Tem
caminhos com Oxóssi e é o deus da varíola e das doenças de pele. Usa contas
brancas e pretas.
OPANIJÉ
Opanijé,
no candomblé é um toque sagrado, entoado para o
Orixá Xapanã. Geralmente tocado para a divisão da comida
ritual chamada Olubajé, quando todos em silêncio recebem sua
porção, e os crentes aproveitam este momento para pedir saúde e longevidade.
O orixa dança numa representação simbólica, mostrando sua
ligação com os mortos Iku e o seu domínio sobre a terra.
A origem da palavra é a língua yorubá, onde
significa: aceitar comer.
.
Olubajé
Olubajé é um ritual anual para Xapanã e
só é feito em casas de Candomblé, sendo obrigatório em casas onde haja feito um
filho de Xapanã há menos de sete anos ou o próprio Zelador ou Zeladora
seja deste Orixá.
Olubajé é uma palavra de origem Iorubana
e significa: Olú : Aquele Que.. Ba : Aceita... Je : Comer.
É a única cerimônia dentro do Candomblé que
dispensa o padé de Exú.
Após o toque do adjá, forma-se uma fila indiana, trazendo
as gamelas enfeitadas com as cores dos orixás e suas comidas, com exceção da
comida do Orixá Xangô. Faz parte também a bebida sagrada das cerimônias chamada
de Aluá, e uma gamela contendo ewe lara, a folha de mamona,
a qual servirá de prato para as comidas, não havendo a disponibilidade dessa
folha pode ser tiras de bananeira.
Todo material é colocado sobre a esteira,
formando assim a mesa do banquete.
Curiosidades
FRASE DE IMPACTO : Atótóo - Silêncio.
BALANÇA : Composta de 18 ou 09
pessoas.
COME : Bode, carneiro , galos,
angolas, pombos, pipocas.
COR : Preto, vermelho,branco,algumas
nações o rosa.
DIA DA SEMANA : Segunda feira, dependendo da nação.
DOENÇAS : Varíola , doenças de pele,
catapora, sarampo, caxumba, tuberculose, enfisema pulmonar.
ELEMENTO : Terra.
EMBLEMA : Xaxará, cetro.
FERRAMENTA: Vassoura, xaxará, favas, moedas e búzios.
FRUTAS : Abacaxi, laranja
,maracujá,uva preta.
METAL : Zinco.
MORADA : Fenda de rochas.
NATUREZA : Sol, terra.
NÚMEROS : 7, 8 e 14.
QUIZILAS : Carneiro, caranguejo, peixe de
rio de couro.
SAUDAÇÃO : Abáo ou atoto.
SÍMBOLO : Vassoura de palha.
SINCRETISMO : São Lázaro, São Roque e
Nosso Senhor do Bom Fim.
Atoto ajuberô Vodun Lego Xapanã
Axé axé axé
PS: Fotos do Dia 20/01/2018 meu santo Xapanã em festa em mais este ano de axé e consagração.
PS: Fotos do Dia 20/01/2018 meu santo Xapanã em festa em mais este ano de axé e consagração.
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