Falar um pouco sobre o ritual de Abikù é um pouco complicado pois, na visão antiga do candomblé, se diz que o Abikù é aquele que nasceu para morrer. Levando em consideração essa afirmativa, se tinha muito receio de iniciar uma pessoa Abikù, pois, alguns diziam que já era um ser iniciado só restando fazer as obrigações para dar continuidade, outros que eram necessárias as obrigações de iniciação, o que gerava muita discussão e incertezas nesse caso específico. No Candomblé antigo, existiam várias formas de se tratar desta questão mesmo que de maneira meio controversa já que, alguns dizem que são seres que já nascem prontos, não precisando de feitura, outros que a criança morreria ao nascer, ou que a mãe morreria depois de olhar a criança e, também, se fazia o jogo com a mãe ainda em estado de gravidez para se realizar os rituais necessários para que tudo ocorresse de forma harmoniosa tanto para a mãe como para o recém nascido.
Até os dias de hoje, na prática de Salvador, se a mãe estiver grávida, e precisar recolher, já se realiza o ritual de iniciação para a mãe e a criança ainda dentro da barriga.
Hoje com a influência do Ifá, as coisas tomaram outro rumo em questão de se entender certos rituais. A visão do Ifá é diferente. Possui o mesmo sentido, porém, realizam cultos diferentes direcionados exclusivamente às crianças Abikùs. Para eles, os Abikùs devem ser iniciados no Ifá e não no Candomblé.
Somos Afros, brasileiros, descendentes ou não, sobrevivemos até os dias de hoje com o nosso candomblé, as nossas raízes ou com outros rituais que nos difere mais que possui o mesmo objetivo: O amor ao Sagrado. E, na minha visão, é muito complicado trazermos nos dias atuais o culto de Ifá para dentro dos terreiros. Mesmo por que, a África sempre nos ensinou que, os Babalawôs devem ter pelo menos 40 anos de iniciados, ou dentro do Ifá para entender tudo aquilo que Ifá teve que passar para engrandecer seu conhecimento. Hoje, vemos os Omoifás iniciados já, mesmo antes de um ano se dando o título de Babalawô. Babalawô é uma palavra muito forte. Requer anos para se entender o que se representa e o peso que essa palavra carrega com todos os Odùs dentro do Ifá.
Eu sempre digo uma coisa: "Amelhor casa de santo é a nossa e o melhor pai de santo é o nosso."
Então, descrevi aqui um artigo que mais serve para pesquisa do que para aprofundamentos. Até por que, temos várias e várias questões que vão de encontro com o que as outras casas que pertencem a outros cultos, acreditam e seguem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.