Os Deuses Dahomeanos no Brasil
Os Voduns
No início, alguns estudiosos acreditavam que os Voduns cultuados no Reino Dahomey, eram divindades originárias dos iorubanos, o que é um grande equívoco, pois se trata de uma troca de atributos culturais de cada região.
A palavra Jeje, vem do yorubá Adjeje, que significa estrangeiro, fosrasteiro. O que se chama no Brasil de Nação Jeje, é o candomblé (Jeje Mahi, Jeje Savalu, Jeje Dahomé...) e o Mina Jeje do Maranhão que é formado pelos povos Fons vindo da região do Dahomé e pelos povos mahins. Na África, habitavam o antigo Reino do Dahomé, antiga colônia francesa, vizinhos da Nigéria. É a atual República do Benin. Vieram de várias cidades, entre elas Abomey (atual Porto Novo), Savalu, Cotonu etc. Jeje era o nome dado aos habitantes do leste, de forma pejorativa. Os Mahi eram do leste, os Savalu ou Saluvá eram do lado sul, o povo do abomey era do oeste e os Axantis do norte. O termo Saluvá ou Savalu vem de Savê, lugar onde se cultuava Nanã e foi fundado por um filho de Oduduá, tendo tudo a ver com os Fons.
Origem mítica de Daomé (Dahomé): vem Dan = "serpente sagrada" e homé = barriga (ventre) de Dan, a cobra sagrada, Vodum Dangbê, Bessein, surgindo pois, a tradução " A Terra da Serpente Sagrada". A palavra Dahomé tem dois significados. Um relacionado com o Rei Ramilé que se transformava em serpente e morreu na terra de Dan, ficando "Dan Imé", o outro, "Dahomé", ou seja, aquele que morreu na terra de Dan, da cobra. Acredita-se que o culto à serpente vem do antigo Egito, onde os Faraós usavam seus anéis e coroas com figuras de cobras.
Os Voduns são confundidos com seus filhos e não existe um arquétipo como no culto dos Orixás. São difíceis de serem descritos e conceituados porque formam um grande e profundo mistério, cujo culto se assenta em cima de normas de silêncio, juramentos e segredos. Jamais são confundidos com seus assentamentos. Acredita-se que os Voduns do povo Jeje, entraram no Brasil através do Maranhão, vindo depois para Salvador/Bahia e de lá para o recôncavo, principalmente a cidade de Cachoeira de São Félix.
Uma particularidade da nação Jeje é que quando os filhos estão em transe, permanecem com os olhos abertos. Os Voduns costumam dar provas de seu poder, como a prova do Zô Izô (fogo). A palavra Vodum, também significa espírito ou deus na língua Adja-Tado, Ewe-Fon. É o ancestral mais velho do mundo. Os Voduns cultuados no Brasil não correspondem aos do Haiti. Voduns e Orixás são divindades diferentes, com origens, culturas e tradições distintas. Os Voduns e os homens se completam e pelas rezas e sacrifícios, os homens dão forças aos Voduns que se alimentam dos símbolos que lhes são ofertados.
São três as divindades que comandam o culto Jeje: Dan (Dangbê / Bessen), Azonçu (Ajunsum) e Sogbõ.
Os Jejes tinham muitas tribos e idiomas, mas a principal língua falada é o ewe-fon. Haviam os Axantis, Gans, Agonis, Popós, entre outros. Eram muitas tribos com dialetos diferentes, mas todos sendo Jejes e cultuando Voduns.
Muitos Voduns eram de Ajudá, mas só cresceram no Daomé. Para os Jejes, os Voduns são serpentes que tem origem no fogo, na água, na terra, no ar e ainda tem origem na vida e na morte. A divindade patrona é Dan, a Serpente Sagrada. E tem como habitat as matas, rios, florestas, onde moram as cobras naturais e os próprios Voduns. O ritual Jeje necessita de muito verde, grandes árvores pois, a maioria dos Voduns, são assentados nos pés das árvores, os Atinçás.
A Nação Jeje sofreu por alguns anos uma queda devido à falta de informações. Os mais antigos preferiram levar para o túmulo seus conhecimentos do que passa-los aos que poderiam perpetuar os Voduns no Brasil. Atualmente, encontramos casas de culto Jeje e pessoas que conhecem bem o culto aos Voduns, que aprenderam buscando nas origens e repassaram seus conhecimentos. Com a proliferação de estudos e pesquisas sobre os Voduns, alguns dos mais velhos que ainda estão vivos resolveram colaborar e também passar adiante o que sabem afim de não se perder o rico culto com o decorrer dos tempos.
A primeira regra que os simpatizantes do Culto Jeje devem aprender é a diferença entre Voduns e Orixás. Que Oyá não é Sogbô ou que Navê não é Oxum e Naetê não é Yemanjá.
Assim como na África, também são feitos Orixás dentro dos templos de Voduns, mas eles são considerados como " estrangeiros". Esses Orixás são tão respeitados e venerados quantos os Voduns, pois não existe discriminação nenhuma em relação as duas divindades bem como também, seus nomes não são alterados. Oxumaré permanece Oxumaré e assim por diante.
Fotos:algumas retiradas da internet para fins de ilustração.
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