Tambor de Mina é denominação pela qual é conhecida a religião trazida pelos negros africanos de origem Jeje, Nagô e outras, para o Maranhão, o toque que indica um ritual de chamada e louvação às entidades africanas ( Voduns e Orixás) e Caboclos de várias procedências.
Os rituais são realizados em casas de culto chamadas de terreiros ou Casa de Mina, onde os iniciados recebem entidades em transe mediúnicos em rituais acompanhados por instrumentos como tambores (abatás, tambores da mata), cabaças e agogôs. O Tambor de Mina é realizado nos terreiros principalmente nos dias em que a Igreja celebra as festas de seus Santos. Há canto e dança dos filhos de santo com suas entidades, ao som de tambores acompanhados de cabaças (abês) e de ferro (gã ou agogô).
O Tambor de Mina surgiu com os negros Jêje - nagôs e vem sendo mantido por seus descendentes há mais de um século. Durante o ritual, os 'Encantados' se manifestam e entram em contato com os devotos. Duas casas se constituem respectivamente nas mais antigas de São Luís: A Casa de Nagô e a Casa das Minas.
- A Casa de Nagô, fundada por descendentes de africanos, deu origem a outros terreiros de São
- A Casa Fanti-Ashanti foi fundada em 1954. Os Fanti e os Ashanti eram povos da antiga Costa do Ouro, na África, atual República de Gana. Em São Luís, a Casa de Fanti Ashanti fica localizada no bairro do Cruzeiro do anil. É uma Casa de Mina e Candomblé que mantém a tradição desde a sua fundação. Além dos rituais do Tambor de Mina, do Candomblé e das festas
de Ogum, Oxóssi, Obaluaiê, Oxum, Oxalá, Nanã, Oxumaré, Xangô e Oyá, a Casa também realiza o "Samba de Angola" para os boiadeiros. Há também rituais ligados à pajelança, ao catolicismo popular ( Espírito Santo) e ao folclore (como o boi de Corre Beirada e o Tambor de Taboca). O terreiro era comandado por Tabajara, na época em que Pai Euclides ainda estava nesse plano astral, coadjuvado pelos Encantados Juracema e Jaguarema que estavam presentes em todas as atividades, exceto nos rituais de Candomblé, onde a entidade maior era Oxaguian, dono da cabeça de Pai Euclides, que chefiou o terreiro desde quando herdou seus conhecimentos religiosos de um antigo Tambor de Mina de São Luís - o Terreiro de Egito - que funcionou até o final da década de 1970. Euclides Menezes Ferreira foi o pioneiro em São Luís na prática do Candomblé. - O Terreiro de Mina Iemanjá foi fundado por pai Jorge Itaci em 1956. Localizado no bairro da Fé em Deus, possui calendário vasto dedicado às nações Jeje e Nagô. A casa era comandada por Xangô, representado por D. Luís, Rei de França, Iemanjá e por Légua Boji Buá da Trindade, este na linha de caboclo. Realiza no
dia 13 de Maio, um ritual e um Tambor de Crioula para os Pretos Velhos e, no dia 13 de Dezembro, um toque onde se rende homenagem à linha de boto, hoje quase desaparecida dos terreiros de mina.
O Terreiro da Fé em Deus, de Elzira Vieira, foi fundado em 1967 e realiza vários festejos ligados à Mina Nagô, à cura (pajelança) e ao catolicismo popular (Festa do Espírito Santo e outras). Um dos mais destacados da capital, tem como Guia Caboclo Velho, também chamado de Índio Velho e Índio Guerreiro, e como chefe a entidade conhecida como Surrupirinha.
"A Casa das Minas é o Terreiro de Tambor de Mina mais antigo de São Luís e é puramente Jeje", conforme Mão Deni (Denil Prata Jardim, nascida em 02 de Julho de 1925, em Rosário/MA). Foi fundado em 1840 por escravos africanos procedentes de Daomé, atual República de Benin. Os africanos denominavam a Casa de Querebentá de Zomadomu.
A fundadora do terreiro, conhecida como Maria Jesuína, era consagrada ao Vodun Zomadonu, o dono da casa. Segundo o que as pesquisas realizadas por Pierre Verger revelaram, a Casa das Minas foi fundada pela Rainha "Na Agontimé", viúva do Rei Agongló (1789-1797) e mãe do Rei Ghezo do Daomé.
A Casa das Minas possui uma organização matriarcal, sendo, portanto, chefiada por mulheres, começando pelas mães:
Na Agotimé, Luísa, Hosana, Andressa Maria (uma das mães mais conhecidas da Casa das Minas, que a governou entre 1914 e 1954) e Leocádia (Vodunsi Gonjaí).
Depois vieram as mães:
Anéris Santos, Manoca, Filomena, Amância, Amélia Vieira Pinto, até chegar à Mãe Deni.
Mãe Deni, nascida Denil Prata Jardim, aposentada vondusi de Toi Lépon, é a nossa dirigente da Casa, consagrada a Lepon, Vodun da Família Dambirá. Faleceu em Fevereiro de 2015.
Em São Luís, a Casa das Minas é muito visitada, principalmente por ocasião da Festa do Divino Espírito Santo, realizada para Nochê Sepazim, princesa da família Real de Abomey, que é devota do Divino Espírito Santo.
A Casa das Minas, apesar de se apresentar como o único terreiro Mina-Jeje, exerceu grande influencia nos terreiros de Mina de outras 'nações', inclusive na Casa Nagô, também fundada por africanas, que, segundo a história oral, foi aberta com a colaboração da fundadora da Casa das Minas. Hoje, além dos termos como "Vodun" e "Guma" serem amplamente utilizados nos terreiros de São Luís, alguns Voduns assentados na Casa das Minas são amplamente cultuados no Maranhão, entre quais: Badé Quevioçô, Averequête, Acóssi-Sakpatá e Ewá, o que mostra a grande importância da Casa das Minas na cultura maranhense.
Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), através do processo nº 1464-T00, a Casa das Minas é o terceiro Terreiro de Culto Afro-Brasileiro no Livro do Tombo do órgão, ao lado do Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho, ILê Axé Iyá Nassô Oká, tombado em 1987, e do Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, em 1999, ambos de Salvador/BA. Por conta disso, de 26 a 28 de novembro de 2005, foi realizado um seminário sobre o Tombamento da Casa das Minas, no Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho.
No primeiro dia, houve uma visita ao mais antigo terreiro de religião afro-brasileira em São Luís, na Rua de São Pantaleão, 857, com a inauguração da placa de azulejos comemorativa ao tombamento, e, no dia 27, foi aberta exposição temática. Seguiram-se mesas redondas e debates, com a participação especial das Vodunsis (filhas de santo)Deni Prata Jardim, Chefe da Casa das Minas, e Maria Celeste dos Santos.
Essa é a história da minha tradição. Axé a todos.
Essa é a história da minha tradição. Axé a todos.
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