Axexe: O ritual de passagem.
Axexê é uma cerimônia realizada após o falecimento de alguém que foi iniciado no candomblé.
A palavra Axexê é um derivado da palavra Ajeje, nome específico dado à trouxa das coisas que saem para ser posta para fora. O Axexê, como o Ipadê, sempre foram rituais feitos pelos descendentes religiosos do Reino de Ketu, dos caçadores, do qual Oxóssi foi seu rei, tanto assim que até hoje está presente essa marca no canto que inicia o Axexê:
A palavra Axexê é um derivado da palavra Ajeje, nome específico dado à trouxa das coisas que saem para ser posta para fora. O Axexê, como o Ipadê, sempre foram rituais feitos pelos descendentes religiosos do Reino de Ketu, dos caçadores, do qual Oxóssi foi seu rei, tanto assim que até hoje está presente essa marca no canto que inicia o Axexê:
"Axexê oni mo juba...
Axexê, omo ode...
Axexê Olorun Baba o...
Axexê omo ode."
"O Axexê é hoje meus respeitos
O Axexê do Varão caçador
Axexê ó Deus Pai Axexê
O Axexê, o Axexê do Varão caçador."
Tudo nessa vida tem um começo e um fim. Na religião, isso não é diferente em nenhuma delas. Em todas, seja mulçumana, católica ou até no candomblé, há o ritual de iniciação, que significa a entrada de uma pessoa para sua vida religiosa, e os atos fúnebres, principalmente nos sacerdotes que receberam fundamentos importantes de sua religião para conduzirem com sabedoria a continuidade do caminho religiosos de outros adeptos.
Os rituais de iniciação no Candomblé, na prática de antigamente, eram feitos na cuia, ou seja, se assentava o Orixá de uma pessoa na cuia. E, nos dias de hoje, essa prática não foi perdida. Ainda se assentam algumas Divindades, como Nanã, Ewá, e outros que utilizam a cuia para se fazer alguns fundamentos. Não é a cabaça, como já foi falada em outra postagem neste blog, na cuia mesmo. E quando o Yawó ou iniciado completava seus sete anos de iniciado, ele recebia a sua "cuia", os seus direitos. Assim, ele recebia seus direitos na cuia que continha a navalha que foi iniciado, os pós de fundamento juntamente com as sementes, seu fio de conta e seu Humgèbè, que é seu fio de conta de maior idade.
Os rituais de iniciação no Candomblé, na prática de antigamente, eram feitos na cuia, ou seja, se assentava o Orixá de uma pessoa na cuia. E, nos dias de hoje, essa prática não foi perdida. Ainda se assentam algumas Divindades, como Nanã, Ewá, e outros que utilizam a cuia para se fazer alguns fundamentos. Não é a cabaça, como já foi falada em outra postagem neste blog, na cuia mesmo. E quando o Yawó ou iniciado completava seus sete anos de iniciado, ele recebia a sua "cuia", os seus direitos. Assim, ele recebia seus direitos na cuia que continha a navalha que foi iniciado, os pós de fundamento juntamente com as sementes, seu fio de conta e seu Humgèbè, que é seu fio de conta de maior idade.
Pai Francelino de Shapanan: + 18/02/2007 |
Jorge Babalaô: + 09/06/2003 |
Em outro ritual, já de um sacerdote com certo grau dentro da religião, se coloca uma bacia de alumínio grande, se pega a cuia que ele recebeu de fundamento e se coloca alguns fundamentos dentro dela junto com água. Depois se emborca tudo na bacia. Toca-se com os Alidavis, que são as varetas que se tocam o tambor, e se tocava a cuia. Há um outro ritual em que se coloca na frente, o pote e o abano de Oyá (aquele abano feito de palha) e a sandália do falecido emborcada. Fazia-se um toque tanto no pote como na cuia. E, como é interessante este ritual pois, nossos mais velhos, quando viam uma sandália emborcada, mesmo sem nunca participar do ritual de Axexe, ou mesmo sem sequer participar da religião, diziam que chamava a morte, o que tem uma relação muito íntima com o candomblé. Feito isso, se preparava a coifa, que seria um grande cesto retangular, muito comum nas regiões Norte e Nordeste para se colocar o pescado. Então, nessa coifa se faz todo o ritual do ato fúnebre do sacerdote. Em seguida é dado uma comida, um bicho de quatro pés por ele ter sido um sacerdote e se prepara o carrego para se levar ao Balé. Então, o ato fúnebre, se continuava com outros rituais pois, quando o sacerdote é iniciado, ele tem o seu Adoxu, onde é feito toda a cerimonia em si, então, quando o ele parte para o Orun, se faz o ritual de raspagem novamente, realizando alguns outros rituais neste momento.
No Tambor de Mina, temos uma cantiga muito antiga deixada pelos nossos mais velhos, cantada na hora que está se parte e levantando as obrigações:
"Vem buscar teu livro mestre, teu desengano do mundo.(bis)"
Pai Euclides Talabyian: +17/08/2015 |
Tata Pérsio de Xangô: + 14/12/2010 |
Essas são algumas práticas de ritual de Axexe nas religiões de matriz africana.
Após um ano, primeiramente, se dá uma comida à casa de santo, às entradas das portas (como dizemos aqui no Norte: à soleira da porta) e à Ogum, que será o primeiro Orixá a comer se iniciando o tambor de alegria ritual realizado para abertura da casa de santo. Depois, dá-se de comer à Lonan e toda a ancestralidade da casa é ofertado uma oferenda para que haja o retorno de todos no terreiro. Nesta prática, há algumas casas que se joga os búzios antes para saber o sucessor do sacerdote que faleceu ou depois de um ano.
Então, esses rituais compõem a nova corte sucessória do trono do terreiro. Apesar de uma casa de santo ter sempre uma mãe pequena ou um pai pequeno, antigamente eles poderiam fazer a sucessão do sacerdote, porém, o mais certo é se chamar alguém qualificado para se realizar o jogo de búzios e ter o conhecimento de quem ou qual Orixá as Divindades da Casa de santo em questão, estão apontando para dar continuidade na casa e nos filhos de santo. Geralmente, antes de se chegar a uma situação como esta, o próprio sacerdote prepara alguém para lhe suceder em caso de falecimento e já lhe passa todos os procedimentos e funcionamento da casa e dos filhos.
Mãe Beata de Iemanjá: 27/05/2017 |
A ancestralidade não pára, mesmo porque o sacerdote falecido fica sendo o próprio Babá Egun da casa. É como se fosse uma obrigação em vida só, que, agora com ele falecido, recebe a obrigação de um ano, de três anos, de sete, de quatorze, de vinte e um e nunca deixará de ser reverenciado, fechando o círculo do ritual de Axexe.
Para finalizar nosso assunto, se realiza também, o jogo de búzios para se saber se o Orixá do Sacerdote quer ser despachado com ele ou não. Na verdade, pelo ritual correto o santo tem que ser despachado no ato fúnebre, pois, ele está com todas as influencias de seu sacerdote. Outras casas, hoje em dia, não se despacha o santo.
Na minha opinião, humildemente creio, que ninguém deve ficar com nada de ninguém. Nem na vida e nem na morte.
Obrigado e muito axé a todos.