A supremacia Feminina nos cultos Afro descendentes
Iyami-Ajé / Iyá Mi Ajé = Minha Mãe Feiticeira. Também conhecida por Iyamin Oxorongá.
É a sacralização da figura materna, por isso seu culto é envolvido por tantos
tabus. Seu grande poder se deve ao fato de guardar o segredo da criação.
Mas como tudo tem sua polaridade não poderia ser
diferente com as Ìyàmìs, pois elas são capazes de realizar grandes feitos
quando devidamente agradadas.
A crendice popular atribui às mulheres mais velhas
o poder das Ìyàmìs, o que não é verdade, pois, as mulheres só pelo fato da
maternidade, estão todas vinculadas, desde o nascimento com as Ìyàmìs, independentemente
da idade.
As Ìyàmìs são tenazes, vingativas e atacam em
segredo. Dizer seu nome em voz alta é perigoso, pois elas ouvem e se aproximam
pra ver quem fala delas, trazendo sua energia e influência.
As Ìyàmìs são frequentemente denominadas Eleyé = donas
do pássaro.
O pássaro é o poder das Ìyàmìs, pois é recebendo-o
que elas se tornam ajé. Nele elas se materializam, se manifestam e vagam em
busca de seus objetivos afim de realizar os trabalhos para que foram
designadas.
Tudo
que é redondo, remete ao ventre e, por consequência, às Iyá Mi. O poder das
grandes
mães é expresso entre os orixás por Oxum, Iemanjá
e Nanã Buruku,
mas o poder de Iyá Mi é manifesto em toda mulher, que, não por acaso, em quase
todas as culturas, é considerada tabu.
Iyami
Ajé na forma de pássaro, a coruja rasga mortalha ou coruja
rasgadeira, pousa nas árvores favoritas durante a noite principalmente a jaqueira. Contam
os antigos africanos que quando a coruja rasgadeira sobrevoa fazendo seu ruído
característico ou aproxima-se de uma casa é porque alguém vai morrer naquele
lugar.
Aulo Barretti Filho, escreve em O Culto dos
Eguns no Candomblé: "Os mortos do sexo feminino recebem o nome
de Ìyámi Agbá (minha mãe anciã), mas não são cultuados individualmente.
Sua energia como ancestral é aglutinada de forma coletiva e representada por Ìyámi
Oxorongá chamada também de Ìyá NIa, a grande mãe. Esta imensa massa
energética que representa o poder da ancestralidade coletiva feminina é
cultuada pelas "Sociedades Gëlèdé", compostas exclusivamente
por mulheres, e somente elas detêm e manipulam este perigoso poder. O medo da
ira de Ìyámi nas comunidades é tão grande que, nos festivais anuais na Nigéria
em louvor ao poder feminino ancestral, os homens se vestem de mulher e usam
máscaras com características femininas, dançam para acalmar a ira e manter,
entre outras coisas, a harmonia entre o poder masculino e o feminino."
Para Sergio
Ferretti, o culto a Naê no Maranhão
pode ser comparado ao das Iyamí Oxorongá da Nigéria,
Benin
e outras regiões da África - mães ancestrais respeitadas e temidas, que não
incorporam e que têm o poder de se transformar em pássaro.
É um orixá apenas assentado para ser cultuado pela comunidade, não é um orixá
de iniciação, por ser uma energia ancestral aglutinada de forma coletiva.
Representa todas as mães mortas e ninguém pode incorporá-las ou manifestá-las.
O feitiço lançado por uma Iyami para um simples mortal, só poderá ser quebrado através de oferendas e agrados feitos especialmente para elas, por uma pessoa que tenha passado por um preparo para ser o intermediário delas em um ritual de limpeza chamado ebó. Através do jogo de búzios ou Ifá, elas irão falar o que desejam para retirar o feitiço e assim se realizará o serviço para acalmar sua ira e retirar todo e qualquer mal que possa vir a acontecer a essa pessoa.
Títulos das Grandes Iyamíns Osorongá:
Agba:
Poderosa Mãe ancestral associada ao poder feminino.
Ajé: Poderosa Mãe administradora do
Poder Sobrenatural. Seu culto que é realizado na lua nova e utiliza poderes
sobrenaturais para combater à agressividade e feitiços. É o ciclo mais escuro
da lua.
Iyá Mi Ajé = Minha mãe feiticeira também
conhecida por Ìyàmìs Oxorongá , é a sacralização da figura materna é identificada
no jogo do merindilogun pelo odu Ôxê .
Ako: Poderosa Mãe que é o pássaro
Ako. Título referente ao 3º dia da lua cheia e a seu culto exatamente na
sociedade das Geledes. Título de quem assume o posto de primeira dama desta
sociedade.
Alaiye: Poderosa Mãe proprietária de
toda extensão Terrestre.
Apaki: Poderosa Mãe que mata. Uma
referência ao fato que ao decorrer da vida acontece a morte.
Araiye: Poderosa Mãe que controla todos
os espíritos da Terra, encarnados e desencarnados.
Arajado: Poderosa Mãe que olha para o
Céu. Uma referência ao fato da Terra estar coberta pelo Céu.
Asiwòró: Poderosa Mãe canalizadora das
energias nos ritos tradicionais.
Ayala: Poderosa Mãe esposa daquele que
é o Céu. Uma referência ao fato da Terra ser coberta pelo Céu, o próprio
Orixalá.
Buruku: Poderosa Mãe Antiga. Uma
referência ao planeta na sua antiguidade existencial.
Egeleju: Poderosa Mãe dos olhos
delicados.
Ekunlaiye: Poderosa Mãe que inunda a Terra
com Água.
Eleje: Poderosa Mãe proprietária do
fluxo da vida, o sangue.
Elesenu: Poderosa Mãe Proprietária de
todos os órgãos internos, vísceras.
Eleye: Poderosa Mãe Proprietária dos
Pássaros.
Ilunjó: Poderosa Mãe que dança o ritmo
da morte. Uma referência ao ritmo tocado para Ogun aquele que dança o ritmo da
morte.
Iya-Ori: Poderosa Mãe das Cabeças, uma
alusão ao fato de estar relacionada aos rituais de sacrifício animal sobre uma
cabeça. Título que é também cultuada nos ritos de borí.
Iyelala: Poderosa Mãe Senhora dos
sonhos, relacionada a revelação de situações através de sonhos.
Iyemonja: Poderosa Mãe senhora que possui
muitos filhos como cardumes de Peixes, uma alusão à sua qualidade anfíbia e à
quantidade de seres humanos existentes na terra comparada à quantidade de
peixes existentes no Mar. Título relacionado a Egun.
Iyemowo: Poderosa Mãe que é o próprio
dinheiro de suas filhas, uma alusão a grande quantidade de búzios que utiliza
em suas roupas. Sob este título é cultuada no culto de Orixalá.
Kekere: Poderosa Mãe pequena do
universo. Uma referência ao fato de Iyami ser a administradora da vida em auxílio
a Olodumare.
Koko: Poderosa Mãe Anciã, uma
referência à antiguidade do planeta.
Logboje: Cabaça Existencial no Universo,
uma referência ao planeta Terra.
Malè: Poderosa mãe que não permite o
mal chegar na noite, uma alusão as noites que sobrevoa na sua forma de pássaro
nos lugares em que é invocada e reverenciada com louvores e saudações. Título
este muito reverenciado nas rodas de Xangô, Egungun, quando e enquanto dançam
em volta da fogueira ao ar livre, fato memorável ao poder sobrenatural que
possibilita Xangô como o grande Egungun ancestral voltar à Terra possuindo seus
Eleguns durante as festividades.
Naré: Poderosa como o próprio ventre.
N'la: Poderosa grande Mãe, uma
referência à grandeza do planeta Terra e seu culto elementar.
Oduwà: Poderosa Mãe proprietária do
recipiente da existência, o mundo.
Oga Igi: Poderosa Mãe que faz o alto das
árvores de trono. Uma referência ao fato dos Pássaros pousarem no cume das
grandes árvores.
Oloriyàmi: Poderosa Mãe proprietária das águas,
referência aos mares e a água do útero.
Olotojú: Poderosa Mãe que espia do alto o
fato dos pássaros pairarem no ar e observarem tudo de cima.
Omolulu: Poderosa Mãe rainha das
formigas, ao fato de estar associada ao subsolo, título este em que é também
cultuada no culto de Obaluaiê.
Onilé: Poderosa Mãe proprietária da
Terra, referente a reverencia e aos rituais realizados dentro da terra. Lugar
mais próprio para se cultuar toda classe de espíritos, na qual Ela é a grande
apaziguadora desses espíritos ou forças rebeldes. Numa única função de
tranquilizar, apaziguar ou neutralizar qualquer tipo de força oculta agressiva.
Oru-Alé: Poderosa Mãe da madrugada e da
noite.
Osupa: Poderosa Mãe que controla as
forças da lua.
Osorongá: está sempre encolerizada e
sempre pronta a desencadear sua ira contra os seres humanos. Está sempre
irritada, seja ou não maltratada, esteja em companhia numerosa ou solitária,
quer se fale bem ou mal dela, ou até mesmo que não se fale, deixando-a assim num
esquecimento desprovido de glória. Tudo é pretexto para que Ìyàmì se sinta
ofendida.
Petekun: Poderosa Mãe que é povoada, uma
referência a relação com Bará.
Oração às Ìyamìs Osorongá
Ìyá kéré gbo ìyámi o
Ìyá kéré gbohùn mi
Ìyá kéré gbo ìyámi o
Ìyá kéré gbohùn mi
Gbogbo Eléye mo Ìgbàtí
Ìgbàmú ile
Ìyá kéré gbohùn mi
Gbogbo Eléye mo Ìgbàtí
Ìgbàmú ilê
Ìyá kéré gbohùn mi
Tradução
Pequeninas mães, ó idosas mães
Pequeninas mães, ouçam minha voz
Pequeninas mães, ó idosas mães
Pequeninas mães, ouçam minha voz
Todas as senhoras dos pássaros quando eu
Comprimo a terra
Pequeninas mães, ouçam minha voz
Todas as senhoras dos pássaros da noite
Todas as vezes que comprimo a terra
Pequeninas mães, ouçam minha voz
Iya ope I'aiye, eni ma be orixá
Mãe, estaremos sempre gratos ao mundo por vossa existência. Por isso roguemos aos orixás.
Obrigado a todos pela leitura. Sugestões nos comentários.
mães é expresso entre os orixás por Oxum, Iemanjá e Nanã Buruku, mas o poder de Iyá Mi é manifesto em toda mulher, que, não por acaso, em quase todas as culturas, é considerada tabu.
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