Fartura, Prosperidade e Caminhos abertos no maior mercado do RS
O mercado em seus dias normais |
Há duas
versões para a origem do assentamento, a primeira diz que o Bará foi assentado
no centro do Mercado pelos negros escravos que construíram o prédio, para
atrair a prosperidade comercial do local. A outra versão atribui-se ao Príncipe
Custódio a iniciativa de assentar o Bará no final do século XIX.
Príncipe Custódio |
Osuanlele Okizi
Erupê, que no Brasil adotou o nome José Custódio Joaquim de
Almeida, Príncipe de Ajudá (Golfo da Guiné,
África,
1832 - Porto Alegre,
28 de maio
de 1935),
segundo diversas publicações no Rio Grande do
Sul que são objeto de estudos, foi um dirigente tribal africano,
exilado no Brasil,
onde se tornou famoso como curandeiro e líder religioso.
Não há um
consenso entre os praticantes das religiões de matriz africana e estudiosos
sobre o assunto. Seja como for, ambas as versões acenam, por um lado, para a
importância original do Mercado Público, enquanto território de negros, e para
a ocupação do espaço com o passar dos anos pelos portugueses e membros de
outras etnias; e, por outro lado, para a crença que vigora no meio
afro-religioso gaúcho e a nível nacional, segundo a qual, a longevidade do
Mercado Público e sua manutenção centenária, apesar dos incêndios nele
ocorridos, devem-se ao Bará que não somente protege o espaço físico, seus
trabalhadores e transeuntes, mas também é a fonte de axé e proteção para os
seus fiéis e crentes.
Há
relatos de que, em uma das reformas do mercado, houve quem tivesse a audácia de
escavar para tentar localizar seu assentamento, sem nada encontrar. Segundo
adeptos da religião, nunca encontrariam nada, pois o Bará do Mercado está
assentado bem abaixo dos níveis da construção. Está próximo das galerias subterrâneas
que lá existem e sua forma pode estar em qualquer tipo de objeto como uma
pedra, uma ferramenta...
Em rituais de iniciação na religião de matriz africana, o primeiro local a ser visitado pelo indivíduo iniciado é o Mercado Público, devido a importância que o Bará tem para o este, já que ele abre os caminhos e também porque significa o início de todas as coisas. Este ritual é chamado de passeio, e é presente em todas as religiões de matriz africana no Rio Grande do Sul. As floras são também atrativos para que os afro-religiosos frequentem o Mercado Público. Flora é um estabelecimento especializado em comerciar produtos e artigos afro-religiosos. No Mercado há quadro delas, cada uma localizada nas entradas do Mercado, sempre à esquerda.
Marco que simboliza onde se encontra o assentamento de Bara |
Além da prática específica do
“passeio” realizado no Mercado, diariamente várias pessoas vêm visitá-lo para
receber a força mística do “axé” que está no seu centro. É no Mercado Público
também que, geralmente, os pais-de-santo compram os produtos necessários para a
realização dos rituais. A própria compra desses alimentos reveste-se de
importância, pois ao se comprar no Mercado está se levando junto com os
alimentos o “axé”, ou força mística, do Bará que está assentado no prédio.
Muito obrigado a todos! Não vamos permitir que nossa cultura de esvaia por nossas mãos. Axé axé axé.
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